Gostaria de ir revelando, devagarinho, o propósito deste post. Já arruinei tudo com o título. Chega o início das aulas e o que é que se vê, à volta da escola ? Povo a ser praxado. O propósito da praxe, sempre me foi explicado como uma integração. A integração de um indivíduo num grupo. Mormente, será que é isso que se passa ? Na minha inocência, acreditava que sim. Talvez, por ter sido caloiro num “sítio do pior” é que mudei de opinião ( quando digo “sítio do pior”, refiro-me à praxe do sítio, e não à instituição em si ). Até porque finalizei lá o meu curso, apenas pela instituição que é. A praxe, por muito que me tentem convencer, é um ritual de humilhação. O objectivo ali é rebaixar os indivíduos. E porquê ? Porque ódio gera ódio. Os rebaixados são, agora, os rebaixadores e, portanto, não há muito a ser feito. A justificação de tais rituais é curiosa :
Ora bem, nós fazemos-vos isto, para vocês falarem mal de nós, entre vós. Portanto, assim vão criando laços uns com os outros.
Deveras curiosa, esta explicação. Na minha cabeça, o que cria laços é o convívio. Eu fui praxado com muita boa gente e falava mal de quem me praxava, com essa boa gente, e, no entanto, hoje, se for preciso, só digo “Olá”. A praxe faz-me lembrar um circo. Há uma multidão e há as aberrações, as anormalidades, as excentricidade. Quem se diverte com isto, obviamente, é a multidão e os domadores das ditas criaturas. Será que me sinto bem em ser lixado o mais possível em praça publica ? Com certeza que sim. Desde pequenino que sou humilhado, para divertimento alheio. Excluir completamente a praxe, acho exagerado. Há muitos locais onde a praxe funciona bem ( pelo menos como eu acho que deveria funcionar ).
Diz-me pacóvio, sim tu, que estás a escrever este post que farias para melhorar a praxe ?
O meu alter ego, costuma ser violento comigo. Mas, sim, é uma boa pergunta. Que poderia eu fazer para tornar a praxe melhor, na minha perspectiva ? Lembro-me perfeitamente que ia a meio do semestre e ainda não sabia onde era a biblioteca. Tempo para nos foderem a vida têm, para nos mostrar o essencial não. Cómico, é a palavra chave. Nem sabia os horários da cantina, nem conhecia a cidade, nem nada. Tempo para nos mostrar os tascos, para nos verem bêbados, têm. Começaria, talvez, por juntar as hostes e mostrar um pouca da cidade. Seria bom introduzi-los naquele local, uma vez que iriam passar lá alguns anos. Praxes como encher até morrer, ou praxes muito físicas são irrisórias. Não servem para nada. Não consigo lembrar-me de nada neste momento. Mas, se puxasse um bocado pela cabeça, lá encontraria um punhado de praxes de integração. Outra coisa engraçada é o respeito pelos praxantes. Acho que, neste momento, muitas pessoas confundem respeito com medo. E, quando as coisas assim são, coisa boa não devem esperar. Não é à tôa que me tornei anti-praxe. Quando o pior momento da praxe tinha passado ( primeiros meses ), larguei-a completamente. Deixou de fazer sentido, para mim. Não tinha qualquer afinidades com grande parte das pessoas com quem convívia. Sinceramente, por muito boas que sejam ( e são ), não conseguia conversar com elas. Beber, comer gajas, sair à noite e praxe. Meus caros, muito obrigado, mas até qualquer dia.
Neste momento a praxe não faz muito sentido da maneira como é feita. Tens razão. Podemos recusar a praxe, mas depois certamente sentiremos dificuldades, muito pela forma como aqueles que gostam de ser praxados (que são muitos, no caso de LESI\LEI são 98%) nos olham. Por pior que possa ser a praxe, é uma excelente maneira de as pessoas se conhecerem, à falta de melhor. Passar por privações em conjunto une as pessoas, mas o estúpido disto, é que estas privações só tem o objectivo de união, quando há outras maneiras de o fazer.
Mas vamos separar as coisas. Para o pessoal introvertido, a praxe é do pior que há…E não é nessa situação que vão ser mais extrovertidos, até os pode inibir e prejudicar o início do percurso académico. Uma coisa é certa, a entrada na universidade deve ser vista como uma oportunidade de crescimento pessoal, na praxe é difícil obter isso, mas é possível.
O pessoal que gosta de “javardar”, está no ambiente certo quando é praxado. Eu pessoalmente, apenas falhei uma praxe, porque foi surpresa. Não praxei. Posso dizer que gostei da maioria das coisas, não fiz nada do que está na foto e ainda bem… 😛 Toda a gente que eu conheci do meu curso foi na praxe, certamente não os conhecia da mesma maneira e com a mesma rapidez se não fosse praxado. Adorei a praxe feita à noite nos bares. Algumas dessas praxes foram das coisas mais divertidas que fiz na universidade. Tenho que dar o braço a torcer, gostei de muitas coisas e tenho muito boas recordações desse tempo. Tive sorte, estava no curso certo (LESI) e praxado de uma maneira mais “profissional” do que se vê hoje. Apesar de tudo, não passou muito tempo, mas pode-se dizer que antes do “processo de Bolonha”, talvez antes disso até, eram outros tempos….
Se estivesse noutro curso, andaria vestido de mulher e a gritar “comam-me o cu” pela universidade, considero-o uma humilhação e preferia “encher” 500 vezes por dia do que isso. Não te queixes muito Jorge, porque até tiveste sorte. 😛
Quanto à orientação dentro da universidade e pela cidade, não penso que seja obrigação da comissão de praxe executar essa tarefa, é uma falha clara da associação de estudantes. Tem mais que obrigação de organizar um “orientation day” para que o pessoal não ande perdido. Eu tive ajuda pela parte de quem me praxou, particularmente do meu padrinho “Paxaxalgo”, ao qual presto homenagem, que me disponibilizou apontamentos de PPI ! 😀
Quanto à foto, tens que perceber que gajos com aquelas caras, só assim é que tem gajas naquela posição à sua frente… é uma piada. Mas é verdade. 😛
PS: Finalizaste o curso, onde? 😀
Sim, outro dos grandes problemas é esse que tu apresentaste. Se um indivíduo não vai à praxe, além de ser anti-praxe ( ou somente considerado), fica cada vez mais num buraco. A praxe é sem dúvida alguma um bom sítio, para conhecer pessoas. Contudo, eu não falo especificamente em acabar com a praxe, mas sim em remodelar o conceito. E mais, lembro-me perfeitamente que muitos indivíduos que eu conheci, só não mandavam os gajos para o caralho, porque eram cobardes, e não porque gostavam daquilo.
PS: Não interessa, para os propósitos do post.
Pouco a falar, além da minha opnião. Essa “praxe” não faz parte da minha realidade. Não participei de nenhuma em nenhuma das cadeiras e pouco interesse teria. É ilógico! Relações sociais são abertas de tal forma? Nunca! Quando vou ao trabalho no primeiro dia não amarram uma corda e me penduram de cabeça pra baixo, nem quando entro em um teatro ou boate.
Praxe é só mais uma instituição social que hoje ja não faz sentido algum, pois qualquer que seja sua justificação não concebo COMO ajudaria a unir qualquer um a qualquer coisa (a não ser em casos sadianos/masoquistas de exceção).
*Também me ficaram obscuros os motivos do post, mas suposições não vem ao caso=).
Para mim, a única justificação de praxe, é o obrigar as pessoas a conviver. O convívio em si é que eu reprovo bastante. Nenhum post aqui tem um motivo de existir, caro Alessandro. Por outro lado, eu pergunto-me, será que existe algo com motivo para existir ?
Eu compreendo as vossas posições mas para um miúdo de 18 anos que vai para uma cidade que não conhece, está sozinho e não tem amigos, é muito complicado declarar-se anti-praxe, especialmente depois da lavagem cerebral que fazem de “se não fores praxado és excluído disto e daquilo”. Hoje, com alguma distância é fácil uma pessoa espantar-se e interrogar-se como foi capaz de participar em tal acto. Enfim, a praxe deveria ser banida.
É uma grande verdade, Eduarda. É difícil para um indivíduo ponderar racionalmente :
-> A promessa de conhecer pessoas e ser humilhado
ou
-> Estar sozinho, numa cidade desconhecida.
É, realmente, uma situação muito complicada.
Poderia fazer uma grande dissertação sobre as praxes, mas vou tentar limitar o meu comentário a coisas mais essenciais.
Alegue-se o que se quiser, as praxes são diferentes de faculdade para faculdade. E ter opinião formada sobre a praxe porque se passou por isso no estabelecimento X, e até na época Y, é sempre uma visão limitada, quase tanto como de quem nunca foi praxado.
Sou um defensor da praxe quando esta é bem imaginada, respeitadora das crenças das pessoas, e sobretudo, divertida para todos. E há algumas assim. Esse tipo de praxe, na minha óptica, celebra a irreverência da juventude, aliada a alguma maturidade, e integra as pessoas, criando também uma hierarquia, que vista sem fobias, não faz mal a ninguém.
Creio que os maiores problemas ocorrem a partir do momento em que os caloiros entram na faculdade já com os ouvidos cheios de histórias macabras, tendo desenvolvido uma ansiedade crescente face à sua iniciação. Da mesma forma, alunos mais antigos que não desenvolveram maturidade e respeito pela condição que já tiveram no passado (e que deveriam ser impedidos de praxar), são parte da origem dos problemas que muitas vezes se ouvem de boca, ou pela comunicação social.
Vejo a questão das praxes como a tourada, por exemplo. Quem não gosta, não participa, mas não chateie. Receiam ser deixados de lado porque não querem participar nos rituais de iniciação? Mudem-se de casa para um prédio novo, não falem às pessoas durante os primeiros tempos, e depois queixem-se de que os vizinhos os deixam de lado. A postura anti-praxe é em si exagerada. O jovem aluno que se colocasse numa posição de aceitar ser praxado, mas com limites, que podem ser os seus limites pessoais, é a meu ver, não apenas uma pessoa que denota uma iniciativa socializante, mas também respeito por si mesmo. No meio está a virtude.
Informem-se sobre se o estabelecimento para onde vão tem tradição de praxe, como decorre (nestas faculdades muitas vezes existem códigos de praxe bem explicitos), e decidam se aceitam participar ou não, com limites ou com posturas rígidas. Mas se não gostam de tourada, não apareçam. Não venham é estragar a festa de quem gosta.
Para que conste, pessoalmente não considero como imaginativo nem original andarem pelas ruas aos magotes a berrar feitos bezerros com as ventas pintadas. No mínimo quem praxa assim deve ter o cuidado de verificar se essas tintas não são tóxicas, se não danificam as roupas, e se são porosas para permitir a respiração cutânea. Esta é a responsabilidade de quem praxa, garantir a segurança de quem é praxado. Não basta ir à loja do chinês comprar uma lata de tinta para besuntar nas beiçolas dos vermes que acabaram de chegar à faculdade, e que estão lá para serem abusados à vontade, a verdadeira carne para canhão.
Saibam brincar em segurança e com respeito, divirtam-se e construam memórias agradáveis para o futuro.
Na concordo, com essa ideia de lá por estarmos numa cidade desconhecida é dificil nos declarar anti-praxe, eu fui para uma cidade desconehcida, com gente com numca tinha visto na minha vida e além de ser anti-praxe, enfrentava os ditos praxantes (até me dava um certo gozo, e numca fui regeitado nem um buraco na sociedade da instituição, antes pelo contrário, ser anti-praxe ajudou-me na integração e rapidamente ganhei o meu respeito!!!
Logo para todos aqueles que na gostam das praxes, na tenham medo se seguir o que lhes vai na alma, porque quem lá está para praxar geralmente são aqueles que lá andam apenas para f**** os outros e não para tirarem um curso!!!!
Logo a situação na é complicada, deixem se levar e curtam á brava na é preciso ir ás praxes para curtir essa nova etapa da vida (caloiro)!!!!
cumps!!!!!!!!
Oh Duarte, mas tu tiveste a sorte de arranjar pessoal com quem falar. Não te esqueças que tinhas o Márcio. Tinhas companhia.
DURA PRAXIS SED PRAXIS – http://www.petitiononline.com/voz99008/petition.html
Pelo que li, cara Magda, é tudo muito ambíguo e subjectivo, nessa petição.
A praxe e a tourada são coisas bem distintas…. A questão da tourada dava outro tópico. A questão da praxe não está ao nível dos direitos dos animais, nem de perto.
Escusam de me perguntar se sou vegetariano. Antecipo já esse argumento um tanto demagógico. Mas admito que é uma falha ética minha, não ser vegetariano. Faz todo o sentido. Mas gosto muito de carne. 😛
Falha ética? Não percebo onde, caro Pedro.
Caro Peres!!!!!!!!!!!
Lol a primeira semana, o márcio só lá esteve 1 dia, e o resto do tempo (algumas semanas), eu estava com ele em tempo de aulas que fora disso ele vinha para casa!!
Mas eu estava lá a tempo inteiro quando na estava em aulas por exemplo, e nem a companhia do meu pc ainda tinha, estava realmente só e abandonado!!!!
😀
Lol, abandonadoooooooooo.
Acho que as praxes podem ser momentos divertidos que mais tarde podemos recordar com sorrisos (ou não…).
Agora como sempre há o perigo dos exageros despropositados que deitam tudo a perder e acabam por desvirtuar o seu sentido, que é mesmo esse de convívio e integração numa nova fase e grupo. Mas esse exagero reflecte também o estado perturbado a que a nossa sociedade chegou em diversos níveis.
Eu não fui praxada mas praxei (he he he) mas também o ambiente da minha faculdade (belas artes) era um pouco diferente, nada de violências e humilhações nem havia nenhum hábito regular de praxe. E o tempo também era outro.
Mas lembro-me perfeitamente da situação e de que isso contribuiu para cimentar os laços de amizade e de grupo entre nós e os praxados.
Existem muitos géneros de praxe. Umas são para o divertimento alheio e as outras são para o divertimento dos praxados. Grande poder, traz grande responsabilidade. E de certo que os praxantes exercem grande autoridade sobre os praxados. Por isso mesmo, tem que se saber o que é correcto e o que não é.